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Retorno às raízes: a nova iniciativa italiana para os Italo-descendentes trabalharem legalmente na Itália.

  • 2 de dez.
  • 3 min de leitura
venezia

A Itália enfrenta um cenário demográfico delicado: envelhecimento da população, redução de trabalhadores jovens e crescimento de setores que exigem mão de obra constante. Em resposta a essa realidade, o governo italiano aprovou em 2025 um decreto que cria um canal de ingresso específico para ítalo-descendentes, que permite de trabalhar legalmente no país mesmo antes de reconhecer a cidadania italiana.

A medida marca um retorno estratégico às origens. A Itália reconhece que parte essencial da sua identidade permanece fora de suas fronteiras: nas famílias que migraram para o Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela, Estados Unidos, Canadá e Austrália. O decreto não altera os critérios tradicionais de cidadania por descendência, mas abre uma porta totalmente nova: a porta do trabalho legal.


O que muda na prática

Antes de 2025, o descendente que desejava viver na Itália tinha dois caminhos formais:

  • Reconhecer a cidadania por descendência (ius sanguinis) — um processo longo, com filas consulares, variações municipais e alto custo documental.

  • Participar das cotas anuais de trabalho (Decreto Flussi) — que esgotam em horas, sem garantia de vagas.

O novo decreto atua de forma distinta: Ele permite que o ítalo-descendente obtenha um visto de trabalho subordinado fora das cotas, desde que consiga uma proposta formal de emprego em território italiano e apresente a documentação que comprove a descendência.

A autorização é concedida ao empregador, que faz o pedido administrativo; posteriormente, o candidato solicita o visto no consulado italiano do país de residência.

Essa via não concede cidadania automaticamente. Entretanto, trabalhar e viver legalmente na Itália abre caminhos futuros, seja pelos critérios de residência, seja pela integração social e econômica.


Uma política com conteúdo histórico e cultural


Retorno às raízes

A lei reflete uma visão de longo prazo. A Itália busca mão de obra que possa se integrar rapidamente e que mantenha laços com o país — ainda que distantes no tempo. Para quem cresceu ouvindo histórias de avós e bisavós italianos, esse decreto funciona como um retorno às raízes: não romântico, mas concreto. A relação entre ancestralidade e economia é reativada.

Há também um elemento civilizatório. Ao acolher descendentes de sua própria diáspora, a Itália reconhece o impacto humano das migrações do século XIX e XX e oferece a essas famílias uma possibilidade moderna de reaproximação: não como migrantes desesperados, mas como profissionais capazes de contribuir para o país.


Guia prático — do país de origem à Itália

1. Reunir as provas de descendência

Documentos do antepassado italiano e das gerações seguintes: certidões de nascimento e casamento, devidamente traduzidas e apostiladas.

2. Conseguir uma oferta de emprego real

A contratação deve ocorrer antes da viagem. Empresas italianas podem solicitar trabalhadores em diversos setores: serviços, hotelaria, indústria, agricultura, tecnologia, logística.

3. O empregador faz o pedido de autorização (nulla osta)

O procedimento ocorre na Itália e confirma que a vaga existe e será ocupada pelo candidato.

4. Solicitar o visto de trabalho

Com o nulla osta aprovado, o descendente solicita o visto no consulado italiano do país de residência.

5. Entrar na Itália e emitir a permissão de residência

A regularização acontece nos primeiros dias de presença no país.A partir desse momento, o descendente passa a viver e trabalhar legalmente.


retorno às raízes

A variável decisiva que o decreto não menciona: falar italiano

A legislação pode abrir portas, mas é o idioma que permite atravessá-las.

Empresas italianas não contratam com base apenas em sobrenome ou árvore genealógica.

O trabalhador precisa:

  • Comunicar-se com supervisores e colegas,

  • Cumprir protocolos de segurança,

  • Ler contratos,

  • Resolver trâmites administrativos com bancos, prefeituras e órgãos públicos.

A experiência mostra que o fator determinante de sucesso não é a origem italiana, e sim a autonomia linguística. Sem italiano funcional, a vaga não chega. Com italiano sólido, a integração acontece mais rápido — e o projeto de vida se torna possível.


Retorno às raízes com responsabilidade

O novo decreto italiano não é um atalho para a cidadania.

É uma ponte: oferece trabalho, estabilidade e uma chance concreta de se reintegrar ao país dos antepassados.

Para os ítalo-descendentes das Américas e da Oceania, trata-se da primeira política em décadas que os reconhece não apenas como herdeiros de passaportes, mas como participantes de uma Itália contemporânea, que precisa de gente, ideias e mãos trabalhando.


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